terça-feira, 25 de outubro de 2011

Aos sobreviventes.


Cecília gosta de nozes e de deixar as cascas pelo chão da casa. Não, não seria paciência a palavra. É o que dizem. Há algo maior entre as sementes, a casa e a menina. Além de comer; Dança. Adulta. Jovem-viúva. A eterna dona dos pés descalços. Vida não sei. É tarde. O frio deixa as coisas cinzas. Ela permanece feita em cor.

Cheiro azedo de freios das locomotivas. Eram quinze e não doze os que lá estavam. Ela ainda descasca frutas. Meninos correm com pipas em lugares isolados e desérticos do país tropical. Chuva no sul. Chuva no norte. Seca as roupas estão no terraço das favelas. Seriam violinos os aspectos dignos dos olhares das bailarinas. Ela desfruta-se. Enrola. Corre. Cigarros pelas ruas cheias de fome. "Nós teríamos conseguido", diz aquele que passa antes de pegar o ônibus. Avenida grande e iluminada. O país é este do nome com B maiúsculo. As impressões são outras.

Sapatos não interessam para caminhantes vazios. É preciso ter um caminho cheio para notar tamanha sutileza. Conformar-se com o fato de que couros não são assuntos para todos. Tão pouco os livros. Macarrão. É tempo de festa. Não se vê alegria naqueles que comemoram. Vê-se alegria nos que não sabem nem que dia é hoje. Cecília roda. Cecília noite. Mas ainda é dia...