quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Carta a Sebá

Mon Cher Sebá,
(ao som de Billie Holiday)

Por aqui, nesta noite fria do dia 24 de agosto, uma dupla joga xadrez, enquanto um outro garoto assiste a um culto
filme alemão, outros dois, talvez mais interessantes, estudam partituras de choros para flauta. Estou no apartamento vizinho, fumando um maldito cigarro
com a visão de meu novo livro do poeta de Praga, trata-se do Castelo de Kafka. Que livro, Sebá, que livro. Quanta genialidade contida em um homem magro e triste. Pela manhã estive na USP para as ditas aulas de inglês, lá, em um breve encontro de olhares e sorrisos, encontrei-me com o professor Frankilin Leopoldo e Silva, baixote, gordinho e amável. Ele é um primoroso leitor de Camus, apesar de eu estar me afastando das filosofias da existência e de suas possibilidades de falsa vida. Assunto para discutirmos depois. É de se impressionar como certas brevidades se tornam eternas em seus pequenos momentos, Frankilin e sua amabilidade me acompanharam ao longo do dia. Após a aula, fui a UNIFESP de São Paulo, é um lugar divino em sua estrutura e medíocre em seus frequentadores. Por lá, deparei-me com uma velha banca de jornal que trazia novos filmes da coleção da folha. O último tango em Paris sempre me faz querer consumi-lo apesar de já o ter adquirido e assistido inúmeras vezes desde 2008. Digamos que este pode ser o mal do capitalismo tardio traduzido no tédio que me acompanha nas passagens de São Paulo, deve ser somente por isso que ainda penso em comprá-lo.
Na verdade, gostaria mesmo de contar que na sexta-feira passada tive o prazer de falar com a gigante Benjaminiana Olgária Matos. Ela é um dos seres mais amigáveis e estimulantes da filosofia. Desde o nosso encontro, no dia 19/08, ela me chama de Bonitinha . Há graça nesse diminutivo, não nego, porém, existe nele também uma grandeza de sentimentos inexprimíveis que talvez você compreenda sem a necessidade do verbo.
Não posso dizer muito pela internet, porque ela não tem as mesmas cores de nossas conversas pessoais, mas espero que tenha conseguido demonstrar algo de docemente triste através deste pequeno número de linhas.

Sinto sua falta, como sinto falta da arte dos séculos passados e da efervescência dos nossos anos de ouro.
Um abraço,
Sua Lucy.

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